EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL "ECO-LOGIAS ARTÍSTICAS NOS CANAIS" PARA O FESTIVAL DOS CANAIS 2019
Entre dias 17 e 21 de Julho de 2019, o Festival dos Canais e a
Art-Map realizaram um projecto inovador na área de artes plásticas "Eco-Logias Artísticas nos Canais. Esta exposição com a curadoria de Madina Ziganshina, foi realizado no edifício da Antiga Capitania de Aveiro e recebeu, durante o s dias, mais de 6000 visitantes. Foi um verdadeiro sucesso para os artistas convidados de 7 países que fizeram parte do evento, e que apresentaram projectos interactivos onde desenvolveram temas da ecologia e procuram narrativas estéticas que desafiam a percepção de públicos sobre o que é a arte, como se relacionar com a arte e como viver a arte na galeria. Os públicos foram convidados a provar, levar elementos das obras para casa ou manipular conteúdos, havendo várias instalações em diálogo com a identidade local: património, tradições e Ria.
PARTICIPATING ARTISTS AND THEIR PROJECTS
it was a great time together...
O artista Miguel Rodrigues é um autor português reconhecido na Turquia e na Rússia, onde realizou instalações em museus, palácios e consulados. Exclusivamente para o Festival dos Canais, o artista construiu, usando a sua técnica original de moldagem de vinil quente, um rio dourado que transborda dos canais e simbolicamente entra na galeria. Para o autor o rio é um elo de ligação entre um passado utilitário e um presente de lazer, transcendente de uma tradição que se higieniza para ser visitada. Neste caminho o artista decora a sala com o encanto do ouro, usando a plástica da sua cor, para representar um reflexo do sol sobre as águas que nos fascina.
A obra que apresenta a artista plástica da Nazaré Marisa Piló é a metáfora para o futuro do nosso planeta. Depois de realizar, com sucesso, uma residência artística em NY, a artista oferece-nos a sua visão sobre o mundo: fragilidade, beleza, agressão e perigo encontram-se em equilíbrio efémero de um balão flutuando no espaço. Reunindo os objectos que conhecemos e utilizamos no dia-a-dia numa funcionalidade absurda, a artista cria uma forte imagem pictórica que inverte as leis da física e desafia a percepção.
Imerso num ambiente sombrio e ríspido, o músico ilhavense André Imaginário apresenta uma viagem em busca da luz, não se apercebendo que esta afinal os rodeia. Tomando a luz como sinónimo de felicidade e as trevas como o seu oposto, o artista produz um espectáculo-improvisação. Acompanhado de guitarra e campainhas chinesas, o artista gradualmente transforma o ambiente, envolvendo o público, jovem e adulto, na participação nesta obra de arte.
Excelente trio de cordas, composto por músicos novos, criativos e virtuosos, desafia as regras do concerto: eles falam entre si, dançam, interrompem um a outro, atendem o telemóvel, brincam, mas tocam BEM, levando o público a rir, assistir e dançar juntos. O trio, durante os 5 dias do festival, animou a galeria com improvisação baseada nas melodias mais conhecidas, que misturava, da forma imprevisível, conforme a sua vontade. Tudo é arte!
Ulla Karttunen é uma artista multidisciplinar com sede internacional na Finlândia, que usa materiais banais como lixo de media ou papel higiénico para discutir as relações de poder ou justiça. A sua instalação Donna Criminale, que apresentou na Galeria da Capitania, é uma imagem simbólica que fala por si, remetendo, ao mesmo tempo, para o divino e para o vulgar, para exclusividade e para exclusão, para pureza e para poluição. Este trabalho é vencedor em um concurso internacional de arte sobre tabus e trata da desigualdade social e da censura na sociedade contemporânea de consumo.
A + B é um duo constituído pelo artista holandês Albert van Loon e a artista suíça Beatrice Peter. As suas obras, que circulam pelas exposições na Europa, já foram expostas em Aveiro e uma encontra-se na colecção do Museu da Cidade. Os artistas apresentam uma variedade de novas criações sobre amor e ódeo: esculturas conceptuais, projecto de arte interactiva, animação, instalações artísticas e uma performance. A sua criatividade engloba crítica social e do consumo e baseia-se na reciclagem de objectos utilitários e quotidianos. O material é sempre inferior ao conceito. Arte hoje em dia não é sobre beleza e materiais caros. Obras apresentadas: “La vie en roses” instalação “Oléo vera” escultura “Ecce Artis” instalação ‘A(R)MOR amnia vincit” escultura “Everybody want to rule the world” escultura ‘Seeds of Love’ instalação interactiva ‘Gold fish’ instalação ’Amor amnia vincit’ performance
Mestre Massimo Esposito, pintor italiano radicado há muitos anos em Portugal, apresenta sessões inéditas - pintura com vinho. Esta técnica envolve vinho, papel, linho ou papiro. O autor elaborou um saber de usar o vinho como meio artístico; para obter um trabalho bonito e durável experimentou com diferentes tipos de vinho, os tons que davam e com o suporte. As sessões de improvisação artística ao vivo de Massimo Esposito são um espectáculo estético e sensorial: camada por camada, a pincel do artista manifestará na tela novas imagens com temas referentes a céu, mar e terra, envolvendo o público a saborear o vinho com olhos e alma.
Inspirado nas obras do pintor americano J. Pollock, o artista esloveno Matej Tomazin, apropria uma sala branca como um espaço de acção e criação. O seu desempenho com a materialidade das cores e tintas desafia o espectador a envolver-se no processo criativo, à medida que ele se desdobra. O espectáculo apresenta ao público um acto de fantasia e liberdade: transformante pela vontade do artista, a sala branca torna-se uma obra de arte.
Pierrô Lunar alinha-se com a música inaugural do expressionismo, do mesmo nome e da autoria de Arnold Shoenberg. A performance explora uma alquimia visual entre arte e ciência, intercalando as experiências com magnetismo e expressão plástica inspiradas pelas obras de Kandinsky. A artista interpreta de forma íntima e conceptual a narrativa da Lua e a figura de palhaço Pierrô. Pierrô Lunar é uma performance de contrapontos: lúdica e divertida, reflexiva e filosófica. Esta peça, acessível a qualquer idade, dependendo do interesse pessoal, entretanto requer uma postura contemplativa do observar, para acompanhar o desenvolvimento das acções, e para apreciar o som lírico e estridente que causa um certo desconforto na alma.
Maria Naves, artista do Brasil, insere na galeria réplicas degustáveis de obras mundialmente conhecidas, desafiando os espectadores para a intencionalidade imediata do entorno com a arte, oferecendo viver uma metáfora forte do consumo – devoração da obra. A artista ultrapassa a convenção que prescreve a contemplação do belo com os olhos e com a mente e sugere uma forma de apropriação completa da arte – absorção da obra pelo corpo. Este conceito, à primeira vista, devia facilitar, vulgarizar, “adoçar” a compreensão da arte; mas não: cria-se um choque entre o simbolismo visual dos objectos na mostra e o facto de serem destinados a comer. Obras apresentadas: “Estética do Asco” Réplica de Urinol de Duchamp com açúcar, gelatina e limão. “Alimento para a imaginação” Réplica em açúcar do Vénus de Milu de Alexandros de Antioquia Jogos doces: “Xadrez ou Dama” “Melancolia doce” Replica do Auto- retrato com orelha cortada de Van Gogh com anilina vegetal sobre açúcar. “Vida amarga deixa memória doce” Replica do retrato da Santa Joana de Aveiro com anilina vegetal sobre açúcar. “Azulejos” Pinturas com aniline vegetal sobre hóstia.
A fluidez do corpo que se move pelo espaço prima pela capacidade de constantemente criar e destruir formas. Rita G. Pinheiro, uma performer aveirense, reutiliza o espaço da galeria como um palco onde dialoga com a arte contemporânea nele exposta. O corpo volátil vagueia construindo e reconstruindo figuras, sentimentos e formas que levam a questionar e a sentir. Como um pedaço de gesso para moldar, o corpo explora infinitos movimentos que se adaptam ao momento circunstancial, respondem à música e ao ambiente numa metamorfose contínua. A artista apresenta uma peça viva que respira, emociona e guia o público pela galeria como pelo bosque sagrado.
As obras apresentadas pelo artista surrealista português contemporâneo Pedro Espanhol surgem no contexto das suas pesquisas mais recentes ao nível dos significados. O Homem da Caixa é uma abordagem que providencia uma literalidade expressiva à exploração conceptual do material. O artista mistura nas suas telas o suporte e o conteúdo, comunicando um jogo contínuo e recíproco dos sentidos. Nos quadros do Pedro espanhol podemos observar referências à tradição da sátira e crítica social, um universo em que coexistem o trágico e o cómico, o imaginário e o banal. Obras apresentadas: “O Homem da caixa #2” Pintura “O Homem da caixa #3” “O Homem da caixa #4” “O Homem da caixa #5” “O Homem da caixa #6” “O Homem da caixa #7” “ Diálogo com uma águia (A partir do texto de António Patrício) ”
Designer Italiano Giuseppe Ragazzini participou com uma instalação digital interactiva de carácter educativo e animado. Cada visitante podia modificar a "obra" projectada num grande ecrâ, por movimentar, colar e juntar elementos, recortados de obras-primas, criando as suas próprias histórias e personagens.
INTRODUCING MADINA ZIGANSHINA
A Lifetime of Creations